Localização: Mioteira, talhão 53 (39° 49.949’N · 8° 54.831’W)

Exploração: 1950 – 1960

Nos nossos dias, à exceção da Ribeira de São Pedro e dos seus pequenos afluentes, a área do Pinhal do Rei carateriza-se pela sua aridez quase total. No entanto, na zona da Mioteira, junto à estrada para a Água Formosa, surge um pequeno corpo de água artificial, a Lagoa da Saibreira.

Esta lagoa é o resultado da exploração de saibro (areia argilosa) nesse local. No inverno as zonas mais baixas alagam-se e a antiga escavação transforma-se numa lagoa. A extração de saibro teve início década de 50 do séc. XX, com o intuito de construir novas estradas florestais. Mas, após cessar a exploração de saibro, o local foi abandonado.

Mesmo sendo uma lagoa artificial, a sua existência foi motivo para a concentração de fauna e flora própria aproveitando as condições que a lagoa lhes dava, valorizando assim a biodiversidade do Pinhal do Rei. Mas, neste momento, tendo em conta o abandono, a seca e o incêndio de 2017, a lagoa apresenta um cenário desolador.

Apesar do PDM em vigor identificar a Lagoa da Saibreira como espaço natural, de elevada sensibilidade, sob o ponto de vista ecológico, paisagístico e ambiental, até ao momento não foi executado qualquer plano de aproveitamento das potencialidades da lagoa.

Recuperação paisagística

Apesar de se tratar de um lago artificial, este é um dos poucos corpos de água presentes no Pinhal do Rei. Sabemos que, séculos atrás, antes da implantação do Pinhal, existiriam na região alguns pântanos ou charcos que terão sido assoreados para evitar a propagação das doenças transmitidas pelos mosquitos. É difícil, nos dias de hoje, calcular a perda de biodiversidade que resultou desta bem intencionada ação. A Lagoa da Saibreira poderá revelar-se, assim, como uma forma de recuperar alguns desses ecossistemas lênticos de um passado já esquecido. Efetivamente, é notório o potencial ambiental e turístico deste local: se devidamente recuperado com vegetação ribeirinha autóctone, com os acessos melhorados, com a implantação de um parque de merendas e placards informativos da fauna e flora locais, este poderá tornar-se um espaço de referência em todo o concelho.

Texto: MG e CF. Fotografia: CF