Data: 2 a 4 de agosto de 2003

Início: talhão 139

Área ardida: 2561,83 ha

Causa: fogo posto

Em Portugal, o verão de 2003 ficou marcado pelas temperaturas elevadas e pela baixa humidade. Estas condições metereológicas resultaram numa série de grandes incêndios um pouco por todo o país. Na tarde do dia 2 de agosto de 2003 também o Pinhal do Rei foi atingido. Deflagrou, na zona do Areeiro, aquele que se viria a tornar um dos maiores incêndios de que há memória na Mata Nacional.

Nessa noite, anunciava a Câmara Municipal da Marinha Grande:

Incêndio com origem criminosa lavra na Marinha Grande

Incontrolável. É assim que, às 20h30, deste sábado, 2 de Agosto, se caracterizava o estado do incêndio que lavra, em várias frentes, no Pinhal de Leiria, no concelho da Marinha Grande, desde as 15 horas, e que, segundo o Gabinete de Segurança e Protecção Civil municipal, parece ter origem criminosa.

Uma área que, até agora, é impossível de calcular, está a arder de forma ingovernável, sem que os mais de 70 bombeiros, 17 viaturas e seis máquinas de três corporações mobilizados, o possam evitar.

Não se trata de apenas um, mas de vários incêndios, que tiveram origem criminosa. Ao que tudo indica, dois indivíduos, um dos quais foi apanhado pelas autoridades em flagrante, atearam fogos em diversos locais, numa área de vários hectares. O primeiro foco de incêndio deu-se junto à Praia do Samouco, entre a Praia da Vieira e Pedras Negras, propagando-se para a direcção Este.

Os dois alegados incendiários acenderam mais fogos noutros locais, até à zona da Fonte Formosa, junto ao lugar de Moinhos de Carvide, já no concelho de Leiria. Este facto, associado à forte intensidade do vento, desencadeou a propagação imediata das chamas.

Até às 21 horas, o combate estava a ser desenvolvido pelos Bombeiros Voluntários de Marinha Grande, com 29 homens e nove viaturas; Vieira de Leiria, com 27 homens e cinco viaturas; e Maceira (concelho de Leiria), com 16 homens e três viaturas.

A Câmara Municipal da Marinha Grande, através do Gabinete de Segurança e Protecção Civil, e a Junta de Freguesia de Vieira de Leiria mobilizaram duas máquinas para abertura de caminhos. Acrescem outras quatro máquinas cedidas por particulares. Um avião está a sobrevoar o local, na tentativa de apagar algumas áreas.

Durante a tarde deste sábado, na freguesia de Vieira de Leiria eram visíveis as cinzas oriundas dos incêndios, levadas pelas rajadas de vento.

Aquela que é uma importante mancha verde do Pinhal de Leiria, está, agora, colorida pelo laranja das chamas e pelo cinzento das cinzas. Não se sabe por quanto tempo.

E a RTP noticiava:

O fogo está a menos de 50 metros da zona habitacional e ameaça a área industrial da vila e as escolas preparatória e secundária. [da Vieira de Leiria]

Ao que a Agência Lusa apurou no terreno, os populares estão na rua a tentar apoiar os bombeiros que têm no local 99 homens e 40 viaturas.

Este fogo lavra em pleno Pinhal do Rei e ameaça ainda a povoação de Moinhos de Carvide.

A dispersão de meios impediu um reforço mais atempado ao local, o que facilitou a propagação das chamas, informou o Centro Distrital de Operações de Socorro de Leiria.

No dia 4 o incêndio foi, finalmente, dado como circunscrito. Poucos dias depois os noticiários davam conta da detenção de seis suspeitos. Tratavam-se de jovens com idades compreendidas entre os 17 e os 20 anos.

Para trás ficaram 2562 hectares de floresta queimada (23% do Pinhal do Rei).

Incêndio de agosto de 2003

Mapa do incêndio de agosto de 2003

C.F.