O Regulamento de 1790 para o Pinhal de Leiria, do Ministro da Marinha Martinho de Melo e Castro, que dá ordem para construção de uma nova fábrica de pez em S. Pedro de Moel, regula também a Fábrica Resinosa, situada no lugar do Engenho em conjunto com a Fábrica da Madeira. Assim, esta fábrica é anterior à de S. Pedro de Moel, não sendo possível, no entanto, conhecer a data da sua construção. Contudo, a existência de fornos de pez no mesmo local, desde há muito, leva a crer que esta fábrica tenha resultado da natural evolução técnica que vinha a ser implementada há alguns anos e da passagem do Estado à situação de proprietário, passando a produzir pez e outros produtos de base resinosa e a aproveitar os grandes lucros do fabrico destes produtos.

Esta fábrica possuía dezasseis fornos quando, em 1810, foi destruída pelas tropas invasoras, na altura das Invasões Francesas.

Em 1871, Brito Aranha, escritor, jornalista e bibliógrafo português, dizia: “A Fábrica Resinosa só produzia pez e alcatrão, até uma certa época. Depois tratou-se de destilar o alcatrão para produzir a água-raz e a água-ruça, mas esta última encontrava pouca saída nos mercados. Esta fábrica compreende a oficina dos cilindros com um aparelho de 8 cilindros; 10 fornos de pez, iguais aos que são usados em França para aproveitar os resíduos do tratamento fabril da terebentina, e 10 fornos ragusanos”.

A designação “Raguzanos”, dada a um dos tipos de fornos, nasceu quando, para desenvolvimento do fabrico de alcatrão no Pinhal do Rei, por volta de 1790, o Ministro da Marinha Martinho de Melo e Castro mandou vir de Ragusa um técnico para a sua fabricação.

Quanto aos fornos cilíndricos, introduzidos a partir de 1822, ofereciam uma nova técnica de produção, sendo mais perfeitos e produzindo produtos de melhor qualidade. Eram inicialmente fabricados nas ferrarias da Foz do Alge mas, a partir de 1834, passaram a ser importados de Inglaterra.

Depreende-se portanto que a Fábrica Resinosa foi reconstruída após as Invasões Francesas, continuando a laborar, mas a construção da nova Fábrica da Resinagem e a sua entrada em funcionamento a partir de 1859, trouxe, a partir de 1862, algumas perdas.

De facto, os ensaios de Manuel Afonso da Costa Barros e os estudos feitos pelo professor de química Sebastião Betâmio de Almeida em 1857 e, a partir de 1858, as experiências sobre métodos de resinagem feitas por Bernardino José Gomes e, mais tarde, em 1861 os conhecimentos que adquiriu no estrangeiro juntamente com o Eng.º Manuel Raymundo Valadas, vieram dar um grande impulso e desenvolvimento à indústria dos produtos resinosos.

Estes conhecimentos foram aplicados à extracção da gema (resina) e na laboração da nova Fábrica da Resinagem.

Ainda, segundo Brito Aranha, “Entre 1862 e 1867 a Fábrica Resinosa continuou a retrogradar, enquanto a Oficina de Resinagem subiu a um notável grau de desenvolvimento (…). Estas sucessivas perdas (…) obrigaram o Administrador Geral das Matas a lembrar ao Governo a conveniência de cessar o trabalho na Fábrica Resinosa, pois estava mais que provado que os seus produtos não achavam consumo nos mercados nacionais”.

Em 1881, esta fábrica era ainda explorada por José Ferreira Custódio.