Os incêndios sempre foram o grande inimigo do Pinhal do Rei. Desde que há memórias escritas sobre a Mata Nacional, a preocupação com os fogos está bem patente.
No Regimento para o Guarda Mor dos Pinhaes de Leiria, publicado em 1751 por ordem do Marquês do Pombal, refere-se:
Havendo no Pinhal algum incendio, mandará o Guarda Mór, tocar o relógio da Cidade e fará aviso ao Corregedor de Comarca, Juiz de Fora, e Capitão Mór, para que com toda a pressa lhe assistão com tudo, o que for necessário, para se apagar o fogo, e do contrario que observarem me dar parte, para lho estranhar, como me parecer justo, assistindo em todo o caso o dito Guarda Mór, e o Superintendente da Fabrica com seus Officiaes deixando nella, os que forem precisos para a sua guarda; e extinto o fogo mandará tirar o referido Guarda Mór huma exacta devassa dos delinquentes, para proceder contra os que forem culpados.
Inevitavelmente, por mais precauções, regulamentos e cuidados que se tenham, os incêndios acabarão por surgir. Fazem parte dos ecossistemas mediterrânicos e, com maior ou menor intensidade, sempre visitaram o Pinhal do Rei.
É um top 5 lamentável, sobretudo para a nossa geração, mas necessário:
- o incêndio de outubro de 2017, 9.508 ha, 85,8% do Pinhal do Rei.
- o incêndio de julho de 1824, cerca de 5000 ha, 45% do Pinhal do Rei.
Ficou conhecido como “a grande queimada“. Curiosamente este incêndio teve uma propagação semelhante ao de outubro de 2017. Provocado por descuido no controlo de uma queimada que se realizava no Camarção, fora do perímetro do Pinhal do Rei, propagou-se de forma descontrolada para norte. Relembramos, porém, que na altura não existiam aceiros ou arrifes, nem os meios de defesa e combate que temos hoje. - o incêndio de 1806, cerca de 3700 ha, 33% do Pinhal do Rei.
Ter-se-á iniciado na zona da Ponte Nova, por descuido de alguns trabalhadores que cortavam madeira no local. - o incêndio de agosto de 1818, cerca de 2715 ha, 25% do Pinhal do Rei.
Provocado pela queda de um raio na zona do talhão 55, alastrando até próximo da Vieira de Leiria. - o incêndio de 2003, 2561,8 ha, 23% do Pinhal do Rei.